quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

O ar e o vento

'Pelos caminhos vou, como um burrinho de São Fernando, um pouquinho a pé e um pouquinho andando.
Às vezes me reconheço nos demais. Me reconheço nos que ficarão, nos amigos abrigos, loucos lindos de justiça e bichos voadores de beleza e demais vadios e mal cuidados que andam por aí e que por aí continuarão, como continuarão as estrelas da noite e as ondas do mar. Então, quando me reconheço neles, eu sou ar aprendendo a saber-me continuando no vento.
Acho que foi Valejjo, César Valejjo, que disse que às vezes o vento muda o ar.
Quando eu já não estiver, o vento estará, continuará estando.'


Eduardo Galeano, O Livro Dos Abraços.

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