sexta-feira, 13 de julho de 2012


"blackbird singing in the dead of night,
take these broken wings and learn to fly
all your life,
you were only waiting for this moment to arise"

quero sangrar toda minha não-fé
que é amor detido
sangrar pelo corpo todo
poro por poro
o sangue que me circula
grosso
denso
difícil

quero sangrar meu falso pacto com a monogamia
que a moral burguesa cá plantou
e dói fundo e imenso
quando percebo esse desvio
e me forjo fiel
fiel a que? a quem? por quê?
nem a mim o sou, meu deus
eu sou tão suja quando quero

quero me relacionar
trepar
sem desespero, sem o cu-na-mão
porque é tanta falha de antes
e é tanta falha doravante (suponho)
e sem culpa quero o sexo das andorinhas
voando para além de...
para além de não-sei-quê
jamais como os cães
com coleiras e submissão e devoção
e o medo de que meu dono se vá

eu mesma irei um dia
na verdade, eu me vou todos os dias

terça-feira, 3 de abril de 2012

Se eu tocasse algum instrumento
ia querer aprender a compor
pra conseguir te dedicar minha valsa mais bonita
poderia ser rock ou a bossa...
O que for.
Queria te ser meu desmedido amor.
Talvez que fosse o mais correto
que pudesse ser pra você cada mililitro de lágrima minha.
E que todos meus orgasmos – os loucos infinitos ou os fininhos ou abafados – fossem por você.
Daí eu acho que achei o meu problema:
eu decidi o amor da minha vida muito cedo?
Me poupei da facilidade da escolha,
ou do suposto prazer de procurar bastante.
(Não sei mais ao certo o que é facilidade
ou o que é suposto.)
Em cada bar ou sala de aula ou
cada festa ou show.
Em cada micro universo.
Eu não tive até agora nada disso
de bom pra te dar:
a certeza,
a escolha.
Tudo que posso te oferecer é a minha inconsequência
e o meu despreparo pro amor.