terça-feira, 15 de julho de 2008

there is no past


" Com seus mesmos tristes, velhos fatos,
Que num álbum de retratos
Eu teimo em colecionar"


Acordou (metaforicamente, pois fisicamente já o estava), enxugou tudo o que pudesse, lágrimas, suor, saliva... Ter memória era o suficiente pra tirar o equilíbrio que haveria de restar. Lembrava, lembrava, lembrava. Lembrava tanto que parecia até que ainda vivia aquilo tudo. Nessas horas não há falta de músicas, frases, livros, poemas, quotations para se lembrar e claro, se torturar. Aí parou numa frase, "Atiramos o passado ao abismo, mas não nos inclinamos para ver se está bem morto". Cale-se, Shakespeare, pensou. Passado não morre, não mesmo. O passado já está errado no nome, passado nunca passa, ficaria nela mais presente que o próprio presente. Faria tudo normalmente dali pra frente. E fez. Acordou, dormiu, saiu, comeu, riu (vezes demais), chorou (vezes poucas, mas mais marcantes que os risos), leu, escovou os dentes, fotografou coisas nada-a-ver, falou ao telefone. Não morreria fisicamente após tudo, sabia disso muito bem. Aliás, nem sentimentalmente, nem espiritualmente, nem de nenhuma forma que se pudesse considerar metafísica. Acontece é que o acúmulo de perdas é também o acúmulo de amargo, ceticismo, resistência. E isso é um certo tipo de morte, que nome não tem. Tomar café de madrugada tornar-se-ia digno de gastrite, assim como tomar whiskey no carnaval ou cerveja na Avenida Paulista. Qualquer show de rock traria à memória a música que ganhou de presente ("por um instante da sua vida você se deixou levar"), qualquer ligação com mais de cinco minutos de duração incomodaria. Escrever sobre saudade ou ler sobre ela ou lembrar dela ou tudo isso junto doeria ao ponto de ser digno um final ao maior e mais clássico estilo Goethe. Mas não haveria de ser (assim esperava).

8 comentários:

Pedro Faria De Conti disse...

de lá
de la
dela...

tá desculpada.
hahaha.

Unknown disse...

o romantismo é meio ridículo, as cartas de amor, as frases feitas, os livros famosos, os poetas mortos, tudo isso é um porre. quero é carnaval de novo, quero rock and roll à flor da pele, nada de sentimentalismo barato, quero é dançar na sala, afastando os móveis e os espíritos. cansei. cansei.

Unknown disse...

LET'S DO IT AGAIN, COME ON !

Anônimo disse...

"tudo já passou e minha vida não passa de um ontem não resolvido"

Personne disse...

Claro que vale XD. Mas como você foi parar no meu blog, enfim? Por curiosidade et tal.

Rafael Carvalho disse...

"ter memória é não ter paz..."

o max as vezes pega mais pesado que o anders.

Thiago Terenzi disse...

Fico feliz quando descubro um blog novo com bons textos.
Você escreve com estilo. Gostei de verdade.

Acho que vou voltar aqui às vezes para ler. Posso?

:)

Unknown disse...

você escreve com estilo he he he