quinta-feira, 24 de julho de 2008
é só olhar pro chão...
Foi culpa da lucidez, soube bem disso quando sentiu não conseguir sentir. Tudo culpa dela e sempre culpa dela. Essa tal maldita lucidez que a fez sentir na pele, no peito, no gosto da própria saliva, na aspereza das mãos, enfim, em tudo, o peso incomensurável da vida que vivia. Não porque desejava sentir esse peso, o qual sempre fingiu não existir, mas porque cedo ou tarde haveria de senti-lo. Sentir a lucidez trazer o tal peso como se estivesse rasgando a pele, sabe. Chegar com força, chegar com tudo. E a hora havia chegado. A hora chega, sempre chega. Se era cedo ou tarde não se sabe e nem vem ao caso. Chegou, pô! E isso bastava! Mas não foi natural, e muito menos rápido. Aconteceu com violência. Aconteceu lentamente, pra marcar mais. Com freqüência, parar doer mais. Inesperadamente, para desiludir mais. Nunca imaginou que chegar à lucidez doeria tanto. Enxergou tudo como era, e isso doeu. Mortificou! É colega, ser lúcido não tá com nada, pensou, com tom sarcástico por incrível que pareça. Pegou o drink. Virou num gole só. Deitou. Chega por hoje, repetiu para si mesma. Mas quando acordasse, pode apostar, seria tudo isso de novo. Se acordou não sei, melhor tivesse sido que não. Mas não, não sei do resto.
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Um comentário:
Por vezes o real cede espaço á ilusão. Isso agrada a alma. Mas quando deixamos o mundo da imaginação e adentramos ao mundo real, as coisas mudam. O que os olhos não querem enxergam, são obrigados a ver. Essa é a vida. Não tem como fugir dela. Mas é possível modificá-la. Estou tentando fazer isso: Mudar minha visão.
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