Ninguém se interessará, muito menos vai querer saber, mas vou contar uma historinha tola qualquer. De uma guria que insiste em nunca me surpreender. Seu nome na verdade não importa, pode ser Luiza, Clara, Julia ou até mesmo Natasha [e quando encarna Natasha, tem todos os aspectos daquela mesma Natasha ao estilo Capital Inicial]. Nunca é sempre a mesma, mas é sempre tão previsível. Entende?! Não, né. Eu sei. Eu também não. Ela também não.
O fato é que ela parou um dia desses, já que nunca tem nada pra fazer, e fez seus retrospectos à infância, comparando 'how misearable she was' e 'how misearable she is now'.
Começou pelo começo seu momento nostálgico. [Penso que o começo nem sempre precisa ser o primeiro a ser contado nas histórias. O estilo Lynchiano de cenas confusas e misturadas faz as histórias tolas parecerem bem mais interessantes. Mas essa guria insiste tanto em ser não-interessante, que ignorou Lynch nesse momento.] Bom, voltando ao começo, ela pôs-se a pensar que tudo começou errado já. "Taquepariu, nem sequer fui uma criança endiabrada!", pensou. Cara, quer algo mais desinteressante que ser uma criança obediente e educada? Pãts, não existe mesmo! Isso daria um belo de um 'Prefácio desinteressantíssimo', e longe do estilo Mario de Andrade, of course. Não brincava de bonecas por mais de meia hora, achava um saco. Jogava videogame, mas não necessariamente por gostar. Acho que nem gostava na verdade. Na escola deveria ter no máximo 2 amigos(as). Só tirava 10. Mamãe a vestia mal. Era gorda. Jogava bola com os meninos da rua. Gostava de praia. Incrível pensar nisso, pois hoje ela insiste em dizer que odeia praia. [Se bem que alguns fatos semi-atuais, que não merecem vir à tona nessa história e que a guria fez questão de não incluir nos seus retrospectos, justifica o ódio à praia.] Quando pivetinha, sentava com o pai na areia da praia e cavava até caber seu corpo inteiro dentro do buraco, achava isso tão divertido. Hoje se afunda também, mas não mais em buracos à beira da praia, e sim em vazios sem fim. E hoje em dia evita ao máximo ficar perto do pai, pra evitar qualquer assunto que seja. Sabe que vai se irritar fácil e nunca gostou de mostrar sua inquietação pra ninguém. Ah, tem essa também. A guria parou pra pensar de que valeu todo seu equilíbrio comportamental até hoje. De quê? Não valeu de nada! Mas também, acha que caso se pusesse à falar sempre tudo que pensa-sente-quer tudo seria bem pior. Até os 12 ouviu Sandy & Junior e cantava sem sequer prestar atenção na letra "eu quero mais, mais que alegria e o tempo todo sorrir". Hoje não canta, mas ouve Anathema de olhos fechados e sente o peito diminuir quando ouve frases como "have I really lost control" ou "how much longer till I hit the ground". 5 e pouquinho da manhã, ônibus entupido, peso nas costas [não só da mochila, claro] e pensa "queria o colégio de padres de novo". Nunca foi auto-piedosa, mas aposto que ao contar seus retrospectos vão pensar que no mínimo ela era, e muito! Outras partes de seus retrospectos prefiro censurar daqui, outras ela sequer parou pra pensar ou incluiu nisso tudo. Paro por aqui a história dessa sem-graça-alguma. Porém, não sem antes dizer que todo esse martírio se cessou. Incrível não?! Encontrou algo [na verdade, alguém] que fez tudo isso parecer irrisório. Na verdade não parecer irrisório, mas agora acha mais interessante pensar nesse algo [na verdade, alguém] que nos seus próprios retrospectos. Esse algo-alguém 'calm the storms and give rest for her'. E isso era o que ela precisava. Enfim...
6 comentários:
malditos aqueles que se põem a pensar. jamais voltam a ser os mesmos. merecem um epitáfio ainda em vida.
it sounds like someone else's song from along time ago
É disso que todos precisamos, afinal: de alguém pra gente fingir que não é a gente mesmo.
a história dessa menina foi baseada em mim, right?
sempre precisamos de um alguém .
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