segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

2016 e outros: quanto vão durar?

1 ano. 12 meses. 52 semanas. 365 dias. 8.760 horas. 525.600 minutos. 31.536.000 segundos. Assim, em números, parece um colosso isto tudo. E parece ainda mais loucamente grande se disser que a maior parte deste tempo esteve meu pensamento em você. E vai parecer ainda mais louco se eu disser que por mim poderia multiplicar este todo-tempo, estes números de quantidade de pensamento, por mais muitas vezes. Assim eu poderia chegar talvez perto de explicar o tanto que te amo por hoje e pelos micro milésimos de segundos que estão por vir. Poderia quantificar de outras tantas formas: quantas músicas ouço e lembro de nós e o tempo que dura esta trilha sonora; quantos textos, contos, poemas que leio e quantas letras estes somam, ou páginas, livros; quantas estações ou, então, quantos dias de frio ou calor; quantos cigarros fumei e que inevitavelmente entre tragos me trouxeram tua imagem na fumaça antes que se dissipasse no ar; quantas lágrimas e quantos risos? Quanto? Quanto de uma vida, traduzida para a medida que for, cabe no amor? Ou do amor cabe na vida? Quantos segundos músicas poemas estações cigarros choros risos lembranças faltam para que a dor dissipe? Para que eu esqueça? Ou para que o amor-você volte com tudo para minha vida cotidiana? Quanto?

Ao fundo Kings Of Convenience - Me In You

terça-feira, 6 de maio de 2014

eu tenho mil motivos pra te deixar ir embora
e mil também pra te impedir
mas eu não quero falar deles todos
porque há um motivo extra
uma premissa, antes disso tudo
culpada por eu pensar nos dois mil
prós e contras:
é que eu te amo demais!

sexta-feira, 13 de julho de 2012


"blackbird singing in the dead of night,
take these broken wings and learn to fly
all your life,
you were only waiting for this moment to arise"

quero sangrar toda minha não-fé
que é amor detido
sangrar pelo corpo todo
poro por poro
o sangue que me circula
grosso
denso
difícil

quero sangrar meu falso pacto com a monogamia
que a moral burguesa cá plantou
e dói fundo e imenso
quando percebo esse desvio
e me forjo fiel
fiel a que? a quem? por quê?
nem a mim o sou, meu deus
eu sou tão suja quando quero

quero me relacionar
trepar
sem desespero, sem o cu-na-mão
porque é tanta falha de antes
e é tanta falha doravante (suponho)
e sem culpa quero o sexo das andorinhas
voando para além de...
para além de não-sei-quê
jamais como os cães
com coleiras e submissão e devoção
e o medo de que meu dono se vá

eu mesma irei um dia
na verdade, eu me vou todos os dias

terça-feira, 3 de abril de 2012

Se eu tocasse algum instrumento
ia querer aprender a compor
pra conseguir te dedicar minha valsa mais bonita
poderia ser rock ou a bossa...
O que for.
Queria te ser meu desmedido amor.
Talvez que fosse o mais correto
que pudesse ser pra você cada mililitro de lágrima minha.
E que todos meus orgasmos – os loucos infinitos ou os fininhos ou abafados – fossem por você.
Daí eu acho que achei o meu problema:
eu decidi o amor da minha vida muito cedo?
Me poupei da facilidade da escolha,
ou do suposto prazer de procurar bastante.
(Não sei mais ao certo o que é facilidade
ou o que é suposto.)
Em cada bar ou sala de aula ou
cada festa ou show.
Em cada micro universo.
Eu não tive até agora nada disso
de bom pra te dar:
a certeza,
a escolha.
Tudo que posso te oferecer é a minha inconsequência
e o meu despreparo pro amor.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

"Posso até querer te falar como estou
Mas não vou
Prefiro ficar mudo
E deixar a dor sangrar em mim"


me sinto com uma úlcera em cada momento que te vejo numa vida. numa vida em que eu não existo, onde parecem proliferar bolhas brilhantes e estrelas e símbolos ridículos de felicidade, enquanto eu estou aqui miserável, há mais de um, dois, três, quatro, cinco... há mais de não sei quantos anos procurando o atalho mais curto pra apagar você. pra você deixar de ser qualquer realidade possível na vida que deveria ser só minha. e você nem sabe de tudo isso. eu não existo em nenhum verbo seu. eu poderia escrever você por séculos sem você nunca imaginar, quando eu só quero gritar, PORRA! te gritar pra você se refletir e se reencontrar em mim. eu poderia me calar. poderia engolir toda minha úlcera. mas eu não posso te deixar ir assim tão fácil. e é tão difícil ir te deixando ir. eu não sei até onde meu silêncio te permite ir. não sei até onde todos os meus gritos te resgatariam.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Meu bem, me perdoe a ausência
Me perdoe a fuga e também todo o medo
Cada dia que te nego ou te escapo seja, talvez, uma morte dentro de mim
As dores de outros tempos se fazem sempre tão atuais
Os outros enganos meus, que penso latentes, são tão diários
Me empedrecem tanto
Me apedrejam tanto
Que só entre frestas e brechas te vejo entrar
Como sol de inverno
Que é o único que aquece a vida nesses dias tão gelados

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Mais que tudo
vejo meu mundo:
incompleto.
Parece-me mudo quase tudo.
Acho que só a folha
que acaba de cair da árvore no chão
é que se faz ouvir
e me grita que mais um outono chegou
e eu ainda te amo tanto...